domingo, 10 de novembro de 2013

Caso 046: Gelo Rompe Tubulação.

Uma seção de tubulação de uma refinaria de petróleo havia sido desativada durante uma modificação da planta de processo. A tubulação não fora fisicamente removida, nem isolada do restante do sistema por meio da utilização de raquetes ou flanges cegos. Ao invés disso, foi isolada somente com válvulas de bloqueio.

Danos causados pela explosão da linha desativada de propano.

Na tubulação em operação (ativa) o produto transportado era o propano líquido sob elevada pressão e que continha uma pequena quantidade de água na fase líquida (fase aquosa separada do propano).
Detritos presos na sede de uma das válvulas de bloqueio impediram seu fechamento completo. Isso permitiu a passagem de propano líquido para tubulação desativada. A água que é mais pesada que o propano líquido acumulou-se no ponto mais baixo da tubulação desativada.
Durante o inverno, a água que havia acumulado nessa tubulação congelou. A água ao congelar, se expande, e essa expansão ocasionou a ruptura dessa tubulação desativada. Quando “tempo esquentou”, o gelo derreteu ocorrendo o vazamento de propano proveniente da passagem da válvula de bloqueio da tubulação em uso, ainda interligada e mal isolada da tubulação desativada. Uma grande nuvem de vapor inflamável se formou e logo encontrou uma fonte de ignição.

Local da ruptura.

O incêndio resultante dessa ruptura da tubulação causou ferimentos em quatro pessoas, a refinaria teve de ser evacuada e ficou parada por aproximadamente dois meses. O incêndio causou danos consideráveis a outros equipamentos e tubulações, resultando na liberação de mais materiais inflamáveis  e rápida expansão do incêndio. Ocorreu o vazamento de mais de duas toneladas de gás cloro proveniente de cilindros atingidos pelas chamas.
Um dos "colaboradores" que foi apontado para ocorrência de mais vazamentos após o incêndio inicial, foi o colapso de uma coluna estrutural do pipe rack devido falha do fireproofing em uma das vigas de sustentação. Esta não suportou o calor das chamas, rompendo outras tubulações ao sucumbir.

CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES

  • Certifique-se de que todas as modificações de processo incluindo a retirada de operação de equipamentos e tubulações passem por uma revisão de gestão de mudanças. Esses equipamentos fora de serviço podem cair no esquecimento e acabar fora da rotina de inspeção e de procedimentos operacionais, tais como, drenagens de condensados de pontos baixos que podem, por exemplo, corroer aquele ponto do equipamento caso a condensação seja ácida e o material susceptível;
  • Assegure-se de que todos os equipamentos de uma instalação industrial fora de operação estejam fisicamente desconectados do sistema de produção ou completamente isolados empregando raquetes ou flanges cegos ou outro sistema de isolamento comprovadamente confiável. Válvulas podem dar passagem e não devem ser considerados como confiáveis do ponto de vista de isolamento de tubulações e equipamentos;



Pipe rack destruído (falha no fireproofing?) pela linha desativada mal isolada.

  • A água, ao contrário de muitos materiais, se expande quando congelada. Se a água for isolada numa parte fechada de um equipamento ou uma seção isolada de tubulação, o gelo formado pelo congelamento dessa água causará enorme pressão, sendo capaz de romper a tubulação ou equipamento;
  • Considere os perigos potenciais de acumulação de material em derivações de tubulações que não estejam em uso, ou que estejam submetidas a baixas vazões. Derivações de conexões de tubulações de processo com pouca ou nenhuma vazão podem ter  mesmo risco de acumular água em pontos baixos dessas tubulações.

Fonte:

Center for Chemical Process Safety – CCPS.
Explanação das aulas do professor Sérgio de Paula
da Equipe de Formação de Inspetores – EFI / SINDIPETRO-LP.

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