domingo, 13 de outubro de 2013

Caso 042: O Legado de Senghenydd (1913).

O desastre da mina de carvão Senghenydd, também conhecido como a Explosão Senghenydd ocorreu em 14 de Outubro de 1913,  na mina de Senghenydd Colliery em Glamorgan, South Wales, no País de Gales, causando 439 mortes. Este foi o pior desastre numa mina de carvão na história do Reino Unido e um dos mais graves a nível mundial em termos de perda de vidas. Pensa-se que o acidente tenha sido causado pelo gás metano através da ignição por faíscas elétricas de um equipamento, possivelmente uma campainha elétrica. A explosão do gás levantou a poeira de carvão presente no chão no interior da mina, criando uma nuvem de poeira de carvão que explodiu. A segunda explosão levantou ainda mais poeira de carvão e explosões sucessivas continuaram-se a propagar de modo a garantir sua auto alimentação, percorrendo  a maior parte dos túneis e galerias subterrâneas da mina.




Os mineiros que não pereceram  imediatamente pelo incêndio e explosão, teriam morrido rapidamente pela inalação dos gases tóxicos formados pela combustão. Estes incluem quantidades letais de monóxido de carbono, que mata rapidamente pela combinação do CO, com a hemoglobina no sangue que  evita a ligação do oxigênio à hemoglobina pela redução da capacidade de transporte de oxigênio pelo sangue. As vítimas são sufocadas pela falta de oxigênio (anóxia).


Resgate dos poucos sobreviventes e remoção dos corpos.

A explosão de Senghenydd foi um dos eventos que levaram ao reconhecimento do risco de ignição de vapores, poeiras ou “nuvens” inflamáveis causado por faíscas provenientes de equipamentos elétricos. Uma forma de proteção é a utilização de “equipamentos intrinsecamente seguros”. Esta definição significa “equipamentos e cabeamentos incapazes de liberar energia elétrica ou térmica suficiente, em condições normais ou anormais, para causar a ignição de uma mistura atmosférica perigosa quando a mesma atingir uma concentração facilmente inflamável”. Isto é conseguido através do “desenho” específico do equipamento elétrico – por exemplo, limitando-se a quantidade de energia disponível, para o equipamento elétrico numa área perigosa, para um nível abaixo do qual ela poderia causar a ignição da mistura inflamável.
Embora uma discussão mais profunda sobre segurança elétrica em áreas perigosas estar fora do âmbito direto da inspeção de equipamentos, existe algumas ações importantes que os técnicos de operação, de manutenção, de segurança e de inspeção, podem fazer para manter a segurança e a integridade de equipamentos elétricos em áreas classificadas como perigosas.




O QUE PODE SER FEITO?

Conheça as áreas perigosas da sua Unidade e a respectiva classificação elétrica. Caso ainda não tenha visto os desenhos de classificação elétrica, solicite-os e certifique-se que estão atualizados.

  • Convide os especialistas em classificação elétrica para uma reunião sobre segurança, para que descrevam as áreas perigosas da sua Unidade. Pergunte-lhes como reconhecer aspectos e problemas de segurança elétrica que possam ser observados durante a sua rotina diária de trabalho.
  • Foque numa das suas inspeções de rotina de segurança da Unidade, esta temática relacionada com a segurança elétrica. Por exemplo, observe cabos ou conexões elétricas danificadas, caixas de junção danificadas, juntas ou selos com problemas, purga de ar de invólucros inadequada, ou parafusos em faltantes nas caixas elétricas.
  • Tome cuidado ao colocar um equipamento elétrico numa área perigosa; seja você a colocá-lo ou a autorizá-lo através de uma permissão de trabalho. Alguns exemplos: equipamentos com motores elétricos tais como: bombas portáteis, instrumentos portáteis, lanternas, dispositivos de comunicação, veículos a motor (incluindo empilhadeiras, caminhões, etc.). Questione tudo que necessite ser conectado à rede elétrica ou que utilize baterias. Certifique-se que todo o equipamento seja apropriado para uso na área perigosa específica onde se pretende utilizá-lo. Se você não tiver certeza, obtenha ajuda de um especialista nesta área.
  • Verificar as condições de aterramento do equipamento, verificando se o cabo de aterramento encontra-se firmemente conectado. É comum verificarmos cabos partidos ou soltos durante a inspeção, porém em muitos lugares esse tipo de relato de inspeção é comumente ignorado e considerado como irrelevante.
Cabo de aterramento partido.

OBS: Creio que a NR 10 – Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade, aprofundará o  conhecimento do profissional interessado pelo assunto.

PARA QUE O ATERRAMENTO?


O aterramento elétrico tem três funções principais :
  1. Proteger o usuário do equipamento das descargas atmosféricas, através da viabilização de um caminho alternativo para a terra, de descargas atmosféricas;
  2. “Descarregar” cargas estáticas acumuladas nas carcaças das máquinas ou equipamentos para a terra;
  3. Facilitar o funcionamento dos dispositivos de proteção (fusíveis, disjuntores, etc.), através da corrente desviada para a terra.
O aterramento insuficiente não só contribui para um tempo de inatividade desnecessário, mas a falta de aterramento é também perigosa e aumenta o risco de falhas de equipamentos. Sem um sistema de aterramento eficaz, estaríamos expostos ao risco de choque elétrico, sem falar nos erros de instrumentação, problemas de distorção harmônica, problemas no fator de energia e diversos outros possíveis dilemas intermitentes. Se as correntes de fuga não tiverem um caminho para o solo com um sistema de aterramento corretamente projetado e mantido, elas passarão por caminhos não planejados, que podem incluir pessoas. As organizações a seguir possuem recomendações e/ou padrões para aterramento a fim de garantir a segurança:

  • OSHA (Occupational Safety Health Administration);
  • NFPA (National Fire Protection Association);
  • ANSI/ISA (American National Standards Institute and Instrument Society of America);
  • TIA (Telecommunications Industry Association);
  • IEC (International Electrotechnical Commission);
  • CENELEC (European Committee for Electrotechnical Standardization);
  • IEEE (Institute of Electrical and Electronics Engineers).
Aterramento adequado e em boas condições.


No entanto, um bom aterramento não somente uma segurança a vida, ele também é usado para evitar danos às plantas e equipamentos industriais. Um bom sistema de aterramento aumentará a confiabilidade do equipamento e reduzirá a probabilidade de danos causados por raios ou correntes de fuga. Bilhões são perdidos todos os anos devido a incêndios elétricos no local de trabalho, sendo potencializado mais ainda onde está presente uma atmosfera inflamável, causando perda de funcionários, produtividade corporativa e danos materiais.


Cabo do aterramento solto.
Mais comum do que se imagina.



CONTEXTO HISTÓRICO

A demanda pelo carvão galês no início do século passado para geração de vapor antes da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) foi enorme. Fomentada pela corrida bélica, principalmente pela Marinha Real e sua enorme frota de navios de guerra a vapor, bem como as Marinhas estrangeiras aliadas à Grã-Bretanha e do Império Britânico, a produção de carvão das minas britânicas atingiu o seu pico em 1914. Nesta época houve um número correspondentemente grande de acidentes devido à urgência, falta de segurança e ignorância (falta de conhecimento claro sobre os perigos relacionados ao trabalho). O pior desastre na época foi o da mina de carvão Senghenydd, também conhecido como a Explosão Senghenydd.


HMS Dreadnought 1906 (a vapor).  O Reino Unido estava sedento por carvão
para impulsionar sua poderosa máquina de guerra, a Marinha Real Britânica. 

O VÍDEO ABAIXO NOS LEVA A UM MOMENTO DE REFLEXÃO E
REVELA TÃO QUANTO É TRÁGICO AS PERDAS HUMANAS
E QUANTO É IMPORTANTE NOSSA MISSÃO NO AMBIENTE INDUSTRIAL.




Fonte:

NR 10 – Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade.
Instituto Americano de Engenheiros Químicos.
Center for Chemical Process Safety – CCPS.
www.fluke.com

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