domingo, 25 de agosto de 2013

Caso 033: Explosão da Caldeira de Skikda (2004).


A Sonatrach Skikda planta de GNL (complexo GL-1K) e refinaria, empresa petrolífera estatal argelina com uma produção de 335 mil barris por dia, localizada a 500 km a leste de Argel, em 19 de janeiro de 2004 foi palco de uma maiores explosões de caldeira do ramo de petróleo e gás.

Refinaria de Skikda antes da explosão da caldeira.


Três dos seis trens de liquefação de gás foram destruídos e dois, que não estavam operando no momento, foram danificados. O prédio da administração e oficina de manutenção, juntamente com outros edifícios, foram completamente destruídos. A explosão também levou ao desligamento de uma usina geradora de energia elétrica nas proximidades da refinaria de petróleo. Pelo menos 27 pessoas morreram e pelo menos 74 ficaram feridas.

OBS: "Trem" é o termo usado para descrever as instalações de liquefação e purificação de gás natural liquefeito – GNL, da planta. São baterias de trocadores de diferentes tipos e em quase todas as instalações dividem-se em conjuntos paralelos  denominados  "trens de GNL".

Em Skikda eram seis trens de GNL, sendo quatro trens mais antigos: o 10, 20, 30 e 40, situados ao lado da área de armazenamento de GNL e dois mais novos: o 5P e o 6P , do outro lado da área de armazenamento. O trem 40, onde a explosão inicial ocorreu diferia dos outros dois trens adjacentes.
O trem 40 utilizava caldeiras para produzir vapor de alta pressão para mover turbinas para os compressores de refrigeração da usina de energia elétrica utilizados para liquefazer o gás natural. Esta tecnologia é agora considerada ultrapassada.

 
Caldeira após a explosão.

O ACIDENTE (sequência dos eventos)

Às 6:39 h em 19 de janeiro, foi observada o aumento da pressão de vapor da unidade de GL1-K 40 (trem 40). O operador reduziu entrada de combustível para o nível mais baixo na tentativa de abaixar  a pressão da caldeira.
Segundos mais tarde, às 06:40 houve uma primeira explosão (a caldeira), seguido imediatamente por uma enorme explosão - BLEVE. Testemunhas relataram que sentiram vibrações antes da primeira explosão.
Os tanques contendo líquidos inflamáveis nas redondezas da caldeira romperam, aumentando ainda mais os danos já que um grande incêndio se alastrou nos trens de 40, 30 e 20, devido à liberação de gás e líquidos inflamável causada pela explosão.
Após 8 horas, o fogo nos trens 20, 30 e 40 foi extinto.
Muitos protestaram dizendo que já haviam avisado sobre os defeitos de uma das caldeiras, mas que a diretoria não lhes deu ouvidos.





CAUSA PROVÁVEL

Investigações apontam que durante uma manutenção de rotina da caldeira do trem 40, uma purga mal executada propiciou a formações de incrustações no interior dos tubos da caldeira.
Essa incrustação não permitiu troca térmica entre a parede dos tubos e a água do interior do boiler bank (tubos da caldeira).  Uma das hipóteses é que essa camada interna incrustante começou a se soltar e o tubo superaquecido (sem troca térmica adequada naquele momento) em contato com a água, elevou subitamente a temperatura da água e consequentemente a pressão nos tubos.  Essa sobre pressão teria rompido um ou mais tubos no interior da câmara de combustão (causa da vibração e da primeira explosão).  O jato de água e vapor pressurizado desprendido dos tubos rompidos incidiu diretamente na superfície dos refratários impregnados de fuligem e cinzas, criando uma grande nuvem desse material no interior câmara de combustão. Esse material suspenso (fuligem), altamente explosivo, em contato com a chama dos queimadores entrou em ignição transformado a câmara da caldeira em uma verdadeira bomba, aprisionada pelas paredes da caldeira.

Ler incrustação de caldeiras AQUI (Inspecioplédia).




CONSEQUÊNCIAS

  • 27 trabalhadores mortos74 feridos;
  • Danos materiais estimados em US$ 800,000,000;
  • Os lucrativos contratos de fornecimento de GNL da planta foram transferidos para outros fornecedores;
  • A produção de GNL caiu 76% naquele ano;
  • A produção da refinaria foi suspensa e o preço do petróleo no mercado internacional subiu a um nível recorde em 10 meses;
  • Novos projetos de plantas eliminou a necessidade de caldeiras, que foram substituídos por projetos mais eficientes de turbinas a gás e compressores;
  • Três dos seis trens (20, 30 e 40) foram completamente destruídos, mas os trens de 10, 5P e 6P retornaram a produzir em novembro de 2004. Os três trens destruídos foram substituídos por um trem maior.
 A Argélia é o segundo maior exportador de GNL do mundo, depois da Indonésia. Pelo menos 25% da produção é para suprir o sul da Europa.




Fontes:

www.theenergylibrary
www.hydrocarbons-technology.com
Apostila CALDEIRAS / 2004 por Prof.  José Luiz Gyurkovits. 
Explanação do  professor Eng. Roberto Jorjan / aula Caldeiras –
Equipe de Formação de Inspetores  da Sindipetro-LP.

3 comentários:

  1. Estas reportagens tem de ser mais divulgadas, já cansei de ver ARTs recolhidas por(....) e fornecidas a proprietários de caldeiras pelo valor de 01 salário mínimo, em atendimento a NR-13

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    1. Lamentável esse tipo de relato. Realmente estamos vivendo em todos os setores econômicos, em cada classe profissional e em todas as camadas sociais, uma verdadeira crise de moral e ética!!!....Até quando?

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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