terça-feira, 9 de julho de 2013

Caso 026: Poeira Explosiva em Refinaria de Açúcar (2008).


Em 7 de fevereiro de 2008, uma enorme explosão seguida de  incêndio ocorreu na refinaria de açúcar,  Imperial Sugar, em Port Wentworth a noroeste de Savannah, Georgia (EUA), causando a morte de 14 pessoas e ferindo outras 38, incluindo 14 com queimaduras gravíssimas.

Refinaria Imperial Sugar.

Conforme investigações a explosão ocorreu devido a acumulação maciça de poeira de açúcar em todo o edifício responsável pela embalagem do produto. Esse acúmulo foi causado por projeto inadequado de um equipamento, a falta de manutenção para conter vazamentos de particulado de açúcar e inexistência de limpeza no ambiente fabril.
Foi constatado que equipamentos de movimentação de açúcar como elevadores tipo cubeta e transportadoras de correia (esteira) e de rosca transportadora (helicoidal) apresentavam muitos vazamentos de particulado e falhas de projetos.
O açúcar em elevadas concentrações é altamente explosivo. Vazamentos desse produto resultaram no lançamento contínuo de açúcar particulado (poeira) no chão da fábrica e sob equipamentos sem que estes depósitos de açúcar fossem removidos.  A falta de limpeza e a inexistência de manutenção para eliminar esses vazamentos, contribuíram para que o desastre fosse maior já que esse particulado além de se depositar, estava também em suspensão no ar criando uma “atmosfera combustível” propícia para a abrangência da explosão inicial.


Prédio onde ficava o setor de embalamento do produto.

A primeira explosão - conhecido como um "evento principal" - provavelmente ocorreu dentro de uma transportadora de açúcar localizado sob dois grandes silos de armazenagem de açúcar. Essa transportadora de correia tinha sido recentemente fechado com painéis de aço, criando um espaço confinado, sem ventilação, onde a poeira de açúcar acumulou-se em uma concentração explosiva.  A poeira de açúcar no interior da transportadora fechada foi incendiada  por um mancal de rolamento superaquecido, dando a ignição da explosão que se alastrou por todo o edifício de embalagem consumindo como combustível cada acúmulo de pó de açúcar derramado em torno dos equipamento, assoalhos, e outras superfícies horizontais como tubulações e luminárias. O edifício de embalagem foi destruído pelas explosões e incêndios secundários. A maioria das mortes resultaram da abundância de combustível (particulado de açúcar) disponível no ambiente. O açúcar acumulado e em suspensão, colaborou tanto para amplitude da explosão como para os incêndios que se seguiram.


Vista aérea da Imperial Sugar no dia seguinte ao desastre.

As investigações apontaram que a Imperial Sugar estava familiarizado do risco de explosão do açúcar em determinadas concentrações, pelo menos desde 1925. Correspondência interna datada de 1967 mostrou que os gestores da refinaria Port Wentworth estavam seriame
nte preocupados com a possibilidade de uma explosão de pó de açúcar que poderia "viajar de uma área para outra, destruindo grande parte da planta". A investigação também indicou que a empresa tinha registrado eventos anteriores como uma explosão em 1998 na fábrica da Imperial em Sugar Land no Texas, uma explosão na usina de açúcar Domino em Baltimore em novembro de 2007, e duas explosões de poeira de açúcar na década de 1960, que matou um total de dez trabalhadores. No entanto, a administração Imperial Sugar nunca se empenhou para corrigir o problema de vazamentos de poeira de açúcar na unidade de Port Wentworth, onde os trabalhadores testemunharam que o açúcar derramado chegava em alguns momentos até o nível dos joelhos em certos lugares do edifício, e que a poeira de açúcar cobria a superfície dos equipamentos constantemente, sem  a preocupação de se promover a limpeza dos mesmos.


Correia transportadora localizada abaixo dos silos de açúcar.
Uma das teorias, indica que o início da explosão se deu neste ponto.
Mancal superaquecido em "ambiente altamente explosivo."


OBS: Caneca é outro nome bastante usual para caçamba.


 O presidente da CSB (Chemical Safety Board) John Bresland, orgão que investigou o caso disse, "...explosões de poeira podem estar entre o mais mortal dos riscos industriais, particularmente no interior de edifícios muito ocupados. Mas essas explosões são facilmente prevenidas através da concepção de equipamentos adequados e manutenção e programas de limpeza de poeiras rigorosos. Invoco a indústria do açúcar e outras indústrias de estarem em alerta para este perigo. "
O relatório da CSB indica que a empresa não havia realizado exercícios de evacuação para os seus funcionários e juntamente com a falta sinalização e de iluminação de emergência, tornou difícil para que os trabalhadores escapassem por vias confiáveis (seguras).
 Um estudo da CSB em 2006 identificou 281 incêndios de poeira combustível e explosões entre 1980 e 2005 que matou 119 trabalhadores e feriu 718, e extensivamente danificando instalações industriais.


Demolição dos silos após o incêndio.

RECOMENDAÇÕES

  • Desenvolver  projetos de equipamentos levando em conta as concentrações explosivas do açúcar em suspensão e depositado,  prevendo também sistemas de despoeiramento e/ou de eliminação de vazamentos constantes;
  • Detectar vazamentos do produto através de setor de inspeção equipamentos;
  • Fazer programa de manutenção constante para eliminação desses vazamentos;
  • Implementar treinamento operacional atentando sobre o perigo de explosão do açúcar em altas concentrações dando ênfase ao controle de poeira e  limpeza dos equipamentos;
  • Desenvolver programa de limpeza externa dos equipamentos e de todas as superfícies horizontais do ambiente fabril;
  • Criar  procedimentos de Segurança do Trabalho incluído ações durante evacuação de emergência e combate ao fogo, entre outros.

ASSISTA O VÍDEO ABAIXO ONDE O ACIDENTE 
DA IMPERIAL SUGAR FOI REPRESENTADO GRAFICAMENTE EM 3D.



Fonte:
CSB - U.S. Chemical Safety Board.

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