terça-feira, 11 de junho de 2013

Caso 019: O Fim da Piper Alpha (1988).

Piper Alpha, era uma plataforma de grande porte, situada no campo de óleo Piper, no Mar do Norte, aproximadamente 193 km a noroeste de Aberdeen na Escócia, em águas de 144 m de produndidade. Ela era operada pela Occidental Petroleum Ltd. e Texaco, proprietária de 22% das ações. 



Em 6 de julho de 1988, um vazamento de condensado de gás natural que se formou sobre a plataforma incendiou-se, causando uma explosão enorme. Esta primeira explosão inutilizou o centro de comunicações e foi seguida de uma bola de fogo e de um grande incêndio.
O fogo rompeu uma linha principal que conduzia o gás de outras plataformas para a Piper Alpha. A grande explosão e o subseqüente incêndio envolveram toda a plataforma. Em menos de uma hora, outras linhas de gás se romperam, tornando o incêndio completamente fora de controle. A plataforma foi totalmente destruída. Somente 62 membros da tripulação sobreviveram. Cerca de 81 pessoas entre os 167 que morreram, foram sufocados em monóxido de carbono na área de alojamentos que não eram a prova de fumaça.

Piper Alpha antes.

Afirma-se que o desastre foi tão repentino e extremo que uma evacuação tradicional foi impossível, mas há controvérsia a respeito. O maior problema foi que o pessoal que tinha autoridade para ordenar a evacuação, a maioria acabou morrendo quando a primeira explosão destruiu a sala de controle.


Piper Alpha depois.

CAUSA

O marco zero da catástrofe foi no setor de  compressão de gás da Piper Alpha, quando uma válvula de alívio de uma das bombas de condensado é retirada para manutenção e a linha é raqueteada. Essa  informação se perde na troca de turno. Quando a bomba de condensado em funcionamento saiu de operação, automaticamente é acionada a bomba reserva, porém, estava raqueteada sem o conhecimento dos operadores daquele turno.



SEQUÊNCIA DOS EVENTOS

A raquete não suporta a pressão e logo inicia um vazamento de gás que encontra uma fonte de ignição. Assim corre a primeira explosão rompendo uma linha de óleo e um grande incêndio tem início.
Após 20 minutos, o rise advindo da plataforma Tartan rompe e uma segunda explosão atinge a sala de controle deixando-a inativa. Essa segunda explosão é causada pelo bombeamento de gás vindo da plataforma de Tartan, que continuava a enviar gás para Pipe Alpha. Neste momento quatro embarcações tenta socorrer a Piper Alpha.
Passados 30 minutos da segunda explosão o rise de gás da MCP-01 (Manifold Compression Platform) é rompido seguido de uma nova explosão.
Após 40 minutos,  a quarta e última explosão destrói completamente o convés. Blocos inteiros da plataforma caem no mar, atingindo uma das embarcações. Essa última explosão acorre quando o rise de uma terceira plataforma, a Claymore, é rompido. A plataforma Claymore também continuava bombeando gás para a Piper Alpha. Cerca de vinte  km de duto de 18" com 1800psi  alimentou o incêndio. A bola de fogo surgida desta explosão atingiu 200 metros de altura.




FALHAS

Entre tantas falhas apontadas (VEJA O VÍDEO no final do post), um fator importante foi que a plataforma próxima, Tartan, continuou a bombear gás ao núcleo do fogo até que a tubulação interligando ambas plataformas rompeu-se devido ao calor. Os operadores de Tartan não tinham autoridade para parar a produção, mesmo vendo ao horizonte que Piper Alpha estava queimando. Cita-se também um projeto deficiente da plataforma, a ausência de paredes corta-fogo, e outros fatores que  estão listados abaixo.

Sistema de ordem de serviço arcaico e não seguido à risca
O evento que iniciou a catástrofe foi a tentativa do turno da noite de ligar a bomba reserva, que estava inoperante por estar em manutenção. O pessoal do turno da noite desconhecia que esta bomba estava em manutenção, por não haver encontrado a ordem de serviço correspondente. Numa instalação industrial, o conhecimento das ordens de serviço em andamento é crucial para o andamento do processo produtivo e para a segurança.

Sistema dilúvio anti-incêndio não funcionou
O sistema dilúvio coletava a água do mar para o sistema abaixo da plataforma, próxima do local onde os mergulhadores tinham que trabalhar em algumas etapas de perfuração. Para segurança dos mergulhadores, o sistema de coleta de água era colocado em manual cada vez que havia trabalho com mergulho nas proximidades, para evitar que os mergulhadores fossem sugados pelas bombas. Com o tempo, os procedimentos foram relaxados e o sistema passou a ser deixado em manual sempre, independente de haver ou não trabalho de mergulho nas proximidades. Máxima segurança para os mergulhadores, fatal para a plataforma e para outras 167 pessoas pois, quando o sistema foi necessário, estava inoperante.

Rota de fuga
As rotas de fuga não eram perfeitamente conhecidas e as pessoas não encontraram o caminho até os barcos salva-vidas e saltaram no mar.

Áreas seguras
Ao contrário do que pensavam as pessoas, os alojamentos não eram à prova de fumaça e chamas. A maior parte dos 167 vítimas morreu sufocada na área dos alojamentos.

Treinamento
Embora houvesse um plano de abandono, três anos haviam se passado sem que as pessoas recebessem treinamento nestes procedimentos. Planos de Ação de Emergência são inúteis se existem apenas no papel e as pessoas não tomam conhecimento dele.

Paredes corta-fogo
As paredes corta-fogo em Piper poderiam ter parado a expansão de um fogo comum. Elas não foram construídas para resistir a explosão. A explosão inicial as derrubou, e o fogo subsequente se espalhou desimpedido, quando poderia ter sido contido se as paredes corta-fogo tivessem também resistido à explosão. Estações mais novas têm paredes de explosão que evitariam uma repetição das fases iniciais do desastre de Piper.


O VÍDEO A SEGUIR É UM EXCELENTE 
DOCUMENTÁRIO DA NATIONAL GEOGRAPHIC
QUE NARRA OS ACONTECIMENTOS QUE DESTRUIRAM A PIPER ALPHA
-----VALE A PENA ASSISTIR-----


Alguns cálculos indicam que 20% da produção anual de energia do Reino Unido foi consumido na explosão e incêndio.


MUDANÇAS APÓS O ACIDENTE
  • Regulamentação da atividade OFF-SHORE;
  • Reavaliação e melhorias nos sistemas de segurança;
  • Reavaliação, melhorias e critérios mais rigorosos no projeto e construção de plataformas;
  • Inserção e melhorias de dispositivos de proteção contra fumaça, fogo e explosão;
  • Reavaliação e implantação de facilidades para evacuação, fuga e resgate.


Fonte:

National Geographic

www.bbc.co.uk

Explanação do Prof. Sérgio Roberto de Paula da Equipe de Formação de Inspetores – EFI / SINDIPETRO-LP.

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