terça-feira, 7 de maio de 2013

Caso 007: O Maior Acidente da REDUC (1972).

No dia 30 de março de 1972, na Refinaria Duque de Caxias (RJ), ocorreram três explosões em três tanques esferas de gás liquefeito de petróleo (GLP); a primeira e mais forte, por volta das 0h50m; a segunda às 1h30m; e, a terceira, aproximadamente, às 2h30m.

O vazamento de gás começou às 17 horas de quarta-feira (29/03). Às 18 horas a Brigada Contra o Fogo da Petrobrás lutava para evitar a progressão do defeito, resfriando toda a área, porque a temperatura (de 45° a 50° C normalmente) subia a cada instante. Mais de 100 homens banhavam permanentemente as esferas de gás. O trabalho não surtia efeito e o calor continuava aumentando. O gás já ocupava extensa área, inclusive fora dos limites da refinaria. Àquela altura, um fósforo riscado ou até mesmo uma faísca provocaria o incêndio. A temperatura no ponto de vazamento já estava a mil graus. Com as três explosões, o calor ficou insuportável e o colchão de ar transforma-se em chama gigantesca. A grande esfera de aço rompeu-se de tal forma que seus pedaços pareceram rasgados como se fossem papel, embora pesasse dezenas de toneladas.
Os bombeiros, primeiros ao chegarem à Refinaria, estavam sem condições de combater as chamas, pois não puderam chegar perto do local uma vez que estavam ameaçados de serem atingidos pelas explosões. Na terceira explosão, por volta das 2h30m, o pânico foi total: os próprios bombeiros tiveram abandonar o local às pressas pela Rodovia Washington Luís, o mesmo acontecendo com funcionários da refinaria e médicos que tentavam os primeiros socorros aos feridos.


Em relação aos estragos ocasionados pelas explosões na REDUC, foi constatado: as esferas do tanque, onde estava depositado o gás liquefeito, desordenadas, e de algumas delas só resta um pedaço, porque três partes foram arremessadas para diferentes pontos. As tubulações dos armazéns retorcidos; o chão todo esburacado; algumas valetas abertas pelos três chapões que voaram nas explosões; os carros que estavam no estacionamento foram totalmente queimados; dos restaurantes que tinham na refinaria sobraram apenas os escombros; várias árvores estendidas nas estreitas estradas do parque industrial, e algumas instalações do setor de segurança sem energia era o retrato de uma área afetada pelas explosões. Essas explosões foram classificadas posteriormente como BLEVE (leia o quadro abaixo).

Parte do casco de uma das esferas da REDUC, arremessada para fora da refinaria.


BLEVE - Boiling Liquid Expanding Vapor Explosion
(explosão do vapor de expansão de um líquido sob pressão)

Explosão de um gás na forma liqüefeita pressurizada, por ruptura das paredes do vaso. Geralmente ocorre com gases liqüefeitos de petróleo que são armazenados na forma líquida pressurizada, que sofre o efeito de um incêndio aumentando muito a temperatura e pressão internas e fragilizando as paredes do vaso.
Como o líquido está numa temperatura muito acima de seu ponto de ebulição, há uma vaporização e uma expansão violenta, formando-se uma bola de fogo no caso de inflamáveis.

Efeito BLEVE em uma esfera.

Explosão tipo BLEVE. Crescent City, Illinois, 1970.


ATO HERÓICO

O encanador José Augusto V. Valente evitou que o incêndio na REDUC assumisse características de uma catástrofe de proporções imprevisíveis: ele foi visto quando subia na esfera de gás para “abrir” as válvulas de segurança. Com isso impediu que a explosão fosse horizontal. Ele auxiliou o Chefe de Transferência e Estocagem, Gil Chaves de Morais, a fechar várias comportas no momento do incêndio. Um engenheiro da Petrobrás disse que, se dirigida para os lados, a explosão atingiria outras unidades situadas a poucos metros, haveria explosões em série, destruindo casas, campo da refinaria, equipamentos.
O número de vítimas fatais chegou a 42 e número de feridos próximo a 40, todos trabalhadores da área da REDUC (petroleiros e prestadores de serviço).

Uma das manchetes do dia seguinte.

CAUSAS PROVÁVEIS:

O ex-funcionário da REDUC Antônio Carlos Klaes Fontes conta a seguir sua versão do acidente:
“...sobre a geração com o produto químico: GLP (Gás Liquefeito de Petróleo) – qualquer produto vai ter uma incidência d’água que vai se acomodar no fundo dos tanques. Abrem-se as válvulas para retirar essa água; quando começa a sair o produto, as válvulas são fechadas. O Gás Liquefeito congela ao vazar. No acidente de 30/03/1972, o operador abriu a válvula de um dos três tanques de Gás Liquefeito e foi lanchar. A Água começou sair; quando acabou a água, o Gás Liquefeito começou a vazar. O operador voltou correndo, porém não conseguiu fechar a válvula, a qual encontrava-se congelada. Passou um carro com o vigilante fumando (fato que não deveria ocorrer dentro da área industrial), ocasionando o incêndio e, posteriormente as três explosões.”

ERRO OPERACIONAL E FALHA DE PROJETO
  • O operador drenava o fundo da esfera com mangueira flexível e não estava no local quando acabou a água para fechar a válvula;
  • Vazou muito GLP que vaporizou e acabou congelando a válvula que não pode ser fechada;
  • Dispositivos de segurança insuficientes e/ou inexistentes;
  • A válvula de segurança foi aberta, porém ela é dimensionada para condições normais de operação e não de incêndio, entretanto, foi o suficiente para evitar uma explosão horizontal de proporção catastrófica.

AS MELHORIAS INTRODUZIDAS EM ESFERAS DE GLP PELA PETROBRÁS.
  • Refrigeração no topo da esfera com distribuidor tipo chapéu de bruxa e no terço inferior com sistema de chuveiros;
  • Duas válvulas de segurança com intertravamento;
  • Vapor de “steam-tracing” para descongelamento;
  • Injeção de água pelo fundo da esfera;
  • Drenagem do fundo com tubulação fixa, com duas válvulas de bloqueio(a prova de fogo) com comando à distância.
Área das esferas da REDUC após o desastre.


CASOS CORRELATOS:

CASO 027 e CASO 002
CLICK ACIMA PARA ACESSAR.

Fontes:  
SEGURANÇA COM ESFERAS DE GLP por José Possebon
O MAIOR ACIDENTE DA REFINARIA DUQUE DE CAXIAS (RJ) – BRASIL  por Pierre Costa

9 comentários:

  1. Lembro-me perfeitamente apesar de ter apenas 6 anos na época, foi horrível, morávamos no Pilar/B Fluminense, em minha memória, aquele clarão amarelo, o barulho, estremesseu tudo a explosão, lembro-me de uma e foram 3, corríamos pela estrada do Pilar em busca de uma condução,, mas era tarde da noite, meus pais em desespero tentando salvar nós os filho, um pavor uma gritaria, até um cachorrinho de minha tia levamos para o bairro de Parada de Lucas onde ficamos, para sairmos salvos, ficamos, eu meus pais e meus outros 9 irmãos, lembro-me no dia seguinte, que estava sol, mas o dia estava cinzento e muitas foligens caiam, foi muito triste, hoje tenho 48 anos, moro em Brasilia, mas não esqueço e lamento ainda pelo acidente...

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  2. O referido acidente não foi em 1972. Mas sim em 1981 durante uma manutenção de rotina. Meu pai perdeu um primo e um amigo de infancia nesse acidente. A REDUC foi adquirida pela PETROBRÁS dos americanos nos anos 70 foi considerada sucata pela equipe que a montou. Meu tio Carlos Magalhães foi um dos que chefiou a montagem da REDUC.

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    1. Ocorreu em 1972, eu morava no Rio e essa lembrança jamais sairá do meu pensamento, foi horrível, a noite virou dia devido as explosões, você deve esta se referindo a um outro acidente.

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    2. Quanta besteira vc falou.

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    3. Besteira fala vc,anonimo analfabeto e deseducado!

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  3. De 81 este da esfera não foi não, o de 81 foi em outra refnaria; na Refap com 10 mortes, este foi na Reduc em 72 mesmo com 38 mortes, a maior parte foi da equipe de combate a incêndio.

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  4. Tenho um amigo engenheiro que trabalhava na REDUC na época. Ele afirma o seguinte:
    - inicialmente a brigada de incêndio tentou debelar o fogo gerado pelo vazamento de gás na esfera cuja válvula de purga, no fundo do recipiente, congelou.
    - quando perceberam que era praticamente impossível apagar aquele incêndio, o comando da brigada decidiu direcionar as mangueiras de água para as esferas vizinhas a fim de evitar o superaquecimento das que não estavam com vazamento de gás.
    - como a primeira esfera, declarada como perdida, deixou de ser resfriada, sua temperatura atingiu níveis elevadíssimos e seu casco se rompeu violentamente, matando instantaneamente todos os 70 (SETENTA) homens da brigada de incêndio .
    - por conta da ditadura vigente na época, o comando geral das refinarias e petroquímicas do país estava todo em poder dos militares; as estatísticas da tragédia foram manipuladas e o número declarado de mortos foi grosseiramente reduzido.

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